segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cultura Quer Debate

Em primeiro lugar, é da vontade de todos a realização de um debate entre os presidenciáveis organizado pelo movimento cultural e transmitido pela TV Brasil, e, dentro disso, discutimos algumas possibilidades e formatos:
Santini alertou que, como vimos no primeiro (e até então, único) debate entre os candidatos, os temas principais são SAÚDE, EDUCAÇÃO e SEGURANÇA, e cultura não entrará como pauta prioritária, embora todos tratem da cultura em seus programas de governo, disponíveis em seus sites (como lembrado pela Morgana). Sendo assim, eu sugeri que tivéssemos comoestratégia bucar dentro destes três temas questões transversais à CULTURA (como a utilização de recursos midiáticos na educação, a medicina tradicional e o saber popular, e a produção de cultura nas periferias, para citar apenas alguns exemplos).


Por se tratarem de questões conceituais, não cabia a nós ali naquele momento definir estes pontos, então fica a indicação para discutirmos isso a nível nacional e com os diversos agentes até a realização do debate.
Maria Luiza, ouvidora adjunta de Televisão da EBC, disse que a TV Brasil ainda não fechou agenda com os candidatos à presidência pois o conselho curador estaria a espera da mobilização por parte da sociedade civil, se tratando de uma tv pública, e disse que a TV estaria disposta a cubrir este debate organizados por nós.
Foi citada a opção de fazermos este encontro na Escola de Comunicação da UFRJ (para Faustini, um lugar “neutro”), onde já temos espaço e articulação junto à rede de Pontos de Cultura (Pontão de Cultura Digital da ECO). Já Licko, propôs que esse fosse feito em um lugar mais “cultural” e “aberto” como oCirco Voador, que também é Ponto de Cultura.


Além da escolha do local, também há escolha política do formato do debate: haverá público? aberto? será selecionado? teria “cota” de público para os candidatos? as perguntas seriam abertas? (Sobre isso, a utilização do twitter e outras redes sociais para ampliar a participação pública no encontro foi consenso).


Também foi sugerida como alternativa à presença dos candidatos (em função da dificuldade de agendas) um debate entre os coordenadores de campanha.


Sobre quais presidenciáveis seriam convidados, todos concordaram em chamar todos os candidatos.


O espaço e o formato para realização do debate não foram fechados a continua aberta a sugestões.
Um detalhe importante é “de quem” partirá este convite, pois se for claramente uma mobilização vinda de setores da esquerda, poderá implicar na não aceitação do convite por parte do candidato do PSDB José Serra, por exemplo.
Morgana levantou também a possibilidade de usarmos o rádio como uma ferramenta de diálogo com estes candidatos, e Maria Luiza ressaltou a abertura da EBC, através da Radio MEC, para tal.
Para a articulação deste evento é preciso uma mobilização em larga escala entre os agentes culturais, utilizando-se para tal ferramentas de petição online para recolhimento de assinaturas (de forma simbólica), redes sociais e, conforme sugerido pelo Faustini, desde já utilizarmos a hashtag #culturaquerdebate no twiter.
Entre os candidatos ao governo, legislativo e senado, vamos realizar o primeiro debate na quinta-feira dia 26/08 (local a definir, provavelmente no centro do Rio).


O convite será amplo a todos os candidatos e suas assessorias, e também os demais agentes políticos e culturais, a participação pelo twitter (e outras redes sociais) será incentivada e fundamental.


A questão da cobertura para este debate ainda não foi definida (na minha opinião pessoal, podemos articular a transmissão pela Radio MEC e incentivar tb a cobertura por parte dos veículos alternativos de comunicação).


Para tal, iremos nos reunir para fechar esta organização na próxima quinta, dia 19/08 às 17h no CTO (a confirmar).
Encaminhamentos:
CONCEITUAL:


- Destacar pontos relativos aos debates da CULTURA nos segmentos considerados prioritários: EDUCAÇÃO, SAÚDE e SEGURANÇA


- Definir o formato do debate entre os presidenciáveis (local; público; transmissão; candidatos ou coordenadores de campanha)


- Pesquisar nos programas de governo as pautas de cultura
ARTICULAÇÃO:


- Uso da hashtag #culturaquerdebate no twitter desde já


- Elaboração do texto para recolher assinatura (QUEM?) (Prazo: até quinta que vem?)


- Mobilização nas redes para construção/divulgação/participação nos debates


- Mapeamento de como anda a articulação nos outros estados
LOGÍSTICO:


- Organizar o debate do dia 26/08 (quinta): local, estrutura, convites, divulgação, transmissão


- Articular junto à Radio MEC a cobertura do dia 26/08


- Articular junto à TV Brasil a cobertura do debate nacional


- Ver possíveis espaços para o debate entre os presidenciáveis
É notável que nos últimos 8 anos o movimento cultural tem se organizado enquanto movimento social de forma mais orgânica do que em outros momentos da história, mas ainda temos uma dificuldade estrutural de mobilização a nível nacional quando não contamos com o apoio logístico do ministério da cultura (leia-se passagens e hospedagens). Duro, mas é verdade, rs.


Então eis nosso desafio neste momento, uma vez que não se sabe ao certo o que será deste ministério nos próximos quatro anos…
Caso queria participar da discussão, me envie um email: alair.lala@gmail.com

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Ação e sua Prostituíção - Márcia Toburi

A ação e sua prostituição
Marcia Tiburi: A atualidade da Lei de Gerson e o futebol como pedagogia política
Publicado em 08 de julho de 2010
TAGS: Artigo, Marcia Tiburi


Marcia Tiburi

Que 2010 seja ano de eleição é questão que põe em cena o devir publicitário da esfera pública. A publicidade é uma desapropriação da política. Se a política é ação, Antonin Artaud disse que a propaganda era a sua prostituição. A publicidade, como totalidade da vida transformada em propaganda, tornou-se a razão geral da esfera pública suplantando o sentido do que antes chamaríamos o político, o universo das relações humanas em que decisões sobre o poder estão em jogo. Daí que o ético, como decisão, esteja sempre relacionado ao político, mesmo que por eliminação. Usemos as expressões o político e a política para tratar dessa diferença de intenções com a esfera pública. Falemos d’a política como profissionalização ou cartelização d’o político. O político, como esfera, seria o espaço de exercício da cidadania individual e coletiva, não o mero exercício do poder no contexto partidário, ou no do crime ao qual se reduz a ação pela corrupção. Nem seria a simples economia independente de um projeto democrático.

E 2010 é também ano de Copa do Mundo. No entanto, mesmo sendo o futebol um excelente negócio também para a publicidade, não podemos dizer que a Copa seja mais questão de publicidade do que de futebol propriamente dito. O futebol parece importar mais para a esfera pública do que o político. Se a política é a quebra do político, o futebol parece se manter ileso em seu sentido. Talvez ele seja reduto da verdadeira experiência do político que foi danificada na política. Nesse sentido, seria possível pensar o futebol do ponto de vista de sua potência pedagógico-política em um país como o nosso? Mas o que será que a política e o político teriam a aprender com o futebol? E o que a publicidade teria a ver com isso?

Terra de ninguém
A sustentação do espaço político como espaço de convivência de diferenças à luz dos direitos dos seres humanos é algo que apenas pode acontecer se tivermos consciência teórica e prática da separação entre o político e o publicitário. Em sua lógica total, a publicidade constitui o mais novo e sutil totalitarismo caracterizado pelo controle do desejo e dos pensamentos, das relações entre indivíduos e instituições com base em ideias ou imagens preestabelecidas transmitidas a massas tratadas – de antemão – como ignorantes. Elas estão para a publicidade como a torcida para o futebol, assim como o povo está para o político. A diferença é que torcida e povo têm um desejo maior do que aquilo que simplesmente lhes é dado. São ativos e não passivos. Claro que para que as massas se tornem conscientes não bastaria extirpar a publicidade da esfera pública, sob pena de incorrer no totalitarismo oposto. É preciso formular a relação entre os dois modos de construir a esfera pública em um sentido dialético, ou seja, da tensão produtiva, mais do que de uma mera dependência inexorável entre publicitário e político.

A ideia de que este é o país do futebol, no sentido da força simbólica que o jogo tem em nossa cultura, pode ajudar a pensar a definição entre nós da ética como sendo um jogo que falta à política, tanto quanto à cultura. Um jogo de futebol é um excelente retrato da ética que podemos aprender, pois ele envolve a responsabilidade de sustentar as regras dos nossos próprios jogos. Ao faltar a ética, não temos mais o político, só a política como terra de ninguém. O campo nunca é essa terra de ninguém e ele tem um guardião que também está na mira do julgamento. Trata-se do juiz que, no jogo de futebol, é o responsável por fazer valer as regras. Faltas em uma partida sinalizam não apenas uma penalização, mas o limite da ação que todos devem respeitar. Cartões amarelos ou vermelhos são ícones claros de ações indesejadas. Na política as coisas são diferentes. Faltas políticas, como propaganda fora da época permitida, são punidas com multas inócuas diante dos lucros político-publicitários que promovem. O problema nem seria o lucro, objetivo claro do jogo do capitalismo. Mas o fato de que a publicidade, ordenando o comportamento dos partidos, ao apostar contra a lei, torna-se, ela mesma, soberana sobre as regras. Torna-se, na prática, a dona da regra.

O que a publicidade ganha não é apenas a manutenção da corrida por votos, mas instaura um espaço de exceção que vale na permissão sustentada pelas multas, e, no nível cotidiano, cria o imperativo antipolítico, de uma atitude que pode ser aceita e somente pode sê-lo em uma sociedade carente de sentido ético e moral. No futebol, no entanto, as regras são tão sagradas que o juiz se torna um “ladrão” odiado, caso desrespeite o estrito regulamento do jogo. O motivo é básico. O abuso de poder contra as regras, que caracterizaria a violência soberana do juiz, acabaria com o jogo. Do mesmo modo, o publicitário, pondo-se no lugar de um juiz que não é julgado, acaba com a política. Assim, o jogo de futebol tem uma ética baseada em regras, a publicidade não. Um juiz ladrão é punido com violência física ou verbal por interromper a lógica do acordo prévio sobre as regras e acabar com a graça do jogo. O publicitário, nesse sentido, é uma espécie de ladrão que tenta ser juiz. Pois legisla contra regras que são maiores que o jogo no qual ele faz as próprias regras.

A inverdade da Lei de Gerson
O caráter pedagógico-político do futebol pode sempre ser minado pela publicidade. Lembremos do episódio envolvendo Gerson, jogador de futebol nos anos 1970 e herói da propaganda de cigarros Vila Rica. Num ato publicitário, promulgou-se socialmente uma “lei” que leva seu nome. “O importante é levar vantagem” tornou-se a fórmula da “Lei de Gerson” que, no Brasil, veio a ser mais famosa do que a Lei de Talião. Deveria ser chamada, com mais propriedade, de “lei do publicitário”. É a lei do autofavorecimento em que cada um se autoriza a ser juiz, mas sob a forma de ladrão. A política, tal como a conhecemos, já tinha sido inventada no Brasil da ditadura, mas era o futebol, mesmo que como desejável ópio do povo, que garantia alguma esperança no espaço d’o político. O estrago n’o político causado por esse enunciado publicitário não perde para o estrago que a ditadura causou entre nós. A Lei de Gerson é o imperativo da ausência de lei, a anomia que, curiosamente, surgiu no período da ditadura como lei total.

Contraditoriamente, ainda que tenha nascido na imagem usada publicitariamente de um jogador de futebol, tal imperativo venenoso não tem nada a ver com futebol. Esporte de equipe, o futebol depende da sinergia do grupo para o bom desenvolvimento da partida. E isso faz pensar que, se este é o país do futebol, necessariamente não deveria ser o país da Lei de Gerson. O chamado futebol-arte dos brasileiros teria “jeitinho” apenas como performance estética, como “jogo de cintura” que não tem nada a ver com “levar vantagem”. Se aqui todo mundo é jogador ou torcedor, juiz, gandula, empresário do futebol, olheiro, locutor de jogos, comentarista ou, mesmo sem querer, participa de algum modo da lógica do jogo, no mínimo, por conhecer alguém ou algo envolvido no “campo”, deveríamos antes de mais nada pensar na questão do espírito de equipe que guarda o sentido do poder e d’o político como ação conjunta.

Assim como o futebol, a política tem dimensão metafísica e estética, mas, como sua base é empobrecida pela corrupção, ela dá a sensação de um dilaceramento da experiência, de coisa falsa. O futebol, ao contrário da política, nos passa uma ideia de experiência verdadeira. E não seria apenas porque o futebol parece mais “oceânico” do que a política. O futebol completa a experiência metafísica e estética com uma dimensão política, a da equipe. Mas a prova fundamental de que o futebol é político se dá justamente pela experiência com a publicidade que, na política tradicional, é sinal de sua derrocada. Fato é que, se podemos inventar um político pela publicidade – pelo uso da imagem e do discurso em sentido retórico –, não podemos, no entanto, inventar um jogador. Podemos até inventar a falsa “Lei de Gerson”, mas não um craque. O jogador de futebol sempre terá de mostrar o que promete diante de sua torcida, que é bem mais complexa que a mera massa manipulada pela publicidade. Seu discurso, sua beleza corporal, seu carisma, seus carros incríveis ou suas roupas de marca, nada disso conta quando ele entra em campo vestido apenas com a camisa do seu time, igualzinha à de seus colegas. O campo de futebol torna-se assim o único cenário da exposição da verdade de que ainda somos capazes. E isso devia nos mostrar um significado maior.

sábado, 26 de junho de 2010

VIVA O TEATRO OFICINA E A GARRA DE ZÉ CELSO MARTINEZ

Teatro Oficina é tombado pelo Iphan
24 de junho de 2010
Atualizado em 25/06

O diretor Zé Celso no Teatro Oficina. Crédito: Alessandra Perrechil
Depois de anos de espera, o Teatro Oficina, localizado na Rua Jaceguai, no Bixiga, em São Paulo, foi tombamento em votação unânime realizada na última quinta-feira (24/06) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O acontecimento histórico foi realizado no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Depois de aprovada, a decisão precisa ser homologada pelo Ministro da Cultura Juca Ferreira.

Com projeto arquitetônico assinado pela brasileira Lina Bo Bardi em 1986, o Oficina é um dos mais importantes teatros brasileiros, tendo papel de resistência na época da ditadura militar e de importantes experimentações artísticas. Ao longo de 30 anos de disputas com o Grupo Silvio Santos, dono de grande parte dos imóveis da vizinhança, o espaço havia sido ameaçado de sucumbir – tendo sido comprado pelo Governo do Estado para continuar funcionando -, e de ter seu entorno modificado com a criação de um Shopping Center e um conjunto residencial no local, projetos do dono do SBT. Preocupado que a estrutura do teatro pudesse ser ameaçada por essas construções, o diretor José Celso Martinez Corrêa pediu a Gilberto Gil, Ministro da Cultura em 2003, para providenciar o tombamento.

Com a expectativa se confirmando, o teatro terá preservada sua vegetação e iluminação natural, possibilitados graças a parede envidraçada de 150 m² e a um teto móvel, elementos visuais que interferem intimamente na criação artística e estética do Oficina. Isso porque quando um edifício é tombado, sua vizinhança precisa de aprovação do Iphan para ser modificada, de forma a não interferir no projeto arquitetônico do local tombado.

O Oficina já havia sido tombado em esfera estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1983, mas isso não impediu que os projetos de Silvio Santos continuassem. Com o tombamento, o Oficina tem a esperança de conseguir finalmente realizar o projeto do Teatro de Estádio, também arquitetado por Lina Bo Bardi nos anos 1980. Inclusive, Zé Celso espera que o próprio grupo Silvio Santos possa participar dessa construção

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Reforma da Lei de Direito Autoral

Nesta segunda-feira, dia 14 de Junho, o projeto de reforma da Lei do Direito Autoral entrou em consulta pública. No site www.cultura. gov.br/consultadireitoautoral do Ministério da Cultura, podemos encontrar o texto consolidado, já com as alterações propostas no anteprojeto. Há também uma ferramenta que permite fazer comentários e propostas em cada artigo do texto em consulta.


Se aprovada teremos umas leis de direito do autor mais moderna do mundo, como disse Lawrence Lessig (criador do creative commons) em sua fala na Campus Party Brasil desse ano. É um debate extremamente importante para a produção cultural e como estudantes/produtor es precisamos estar envolvidos. Um dos pontos que vai interessar será o cerco que se pretende fazer ao ECAD, instituição que muitos de nós duvida da seriedade. O Claudio Prado tem uma frase ótima para o ECAD: "Nenhuma instituição que tem 300 advogados pode ser honesta"!


Existe um grupo de articulação para fazer frente e botar pressão para essa reforma sair da melhor maneira possível que é a Rede pela Reforma da Lei do Direito Autoral. Da para acompanhar os trabalhos aqui www.culturadigital. org.br/site/ lda

sábado, 12 de junho de 2010

Lei do Direito Autoral

Não deixe de contribuir com novas observações para que tenhamos uma legislação de acordo com nossas perspectivas de estudar, preservar e divulgar nossa cultura.
http://dl.dropbox.com/u/6302318/Caderno%20Direito%20Autoral%20em%20Debate%20-%20Rede%20Reforma%20LDA.pdf

domingo, 6 de junho de 2010

Lei de Direito autoral

Seminário na FGV discute a reforma da lei de direito autoral Centro de Tecnologia e Sociedade e Rede pela reforma da lei de direito autoral realizam debate no Rio de Janeiro A lei 9.610, atualmente em vigor no Brasil, foi criada em 1998 e passa agora pela primeira revisão significativa. Desde 2007 o Mistério da Cultura vem realizando debates com a ampla participação dos interessados para discutir uma proposta de reforma. Um anteprojeto de lei deverá ser submetido à consulta pública em breve. Diante desse contexto, é preciso aprofundar o conhecimento sobre a Lei de direito autoral para que seja possível avaliar quais pontos devem ser abrangidos na reforma. Evento gratuito